sábado, 8 de abril de 2017

Romantismo no Brasil (2ª geração)



Se identificou com o vídeo acima? Você já sofreu por amor? Quero dizer, você já gostou de alguém e por algum motivo não foi correspondido? O fato de não ser correspondido como você gostaria de ser te deixou mal? Se isso já aconteceu com você em algum momento da sua vida, saiba de uma coisa: você não foi o primeiro e muito o menos o último a passar por isso. Duvida? Então fique por dentro do post de hoje, e você verá que esse assunto já deixou muita gente na bad, principalmente quando falamos do pessoal da segunda geração do Romantismo, ou a geração ultrarromântica.

A segunda geração do Romantismo ou geração ultrarromântica, apresenta, de modo geral, um exacerbado egocentrismo. Mas o que é esse egocentrismo? Como o próprio nome já diz, isso se dá quando se coloca o “ego” em primeiro lugar. Se você reparar nos textos e poemas desse período, irá facilmente perceber que existia, nesses textos, de forma clara, a exposição dos sentimentos do eu-lírico, vamos dizer assim.

Vamos ver um trecho do poema intitulado Lembranca de Morrer”, de Álvares de Azevedo:

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.


Logo na primeira estrofe (Se uma lágrima as pálpebras me inunda/Se um suspiro nos seios treme ainda/É pela virgem que sonhei... que nunca/Aos lábios me encostou a face linda!(...) percebemos o lamento do eu-lírico pela amada que, pelo visto, ele nunca a obteu e, por isso, o simples fato de estar vivo, torna-se um martírio (DRAMA TOTAL), como vemos já no final do poema (Ó minha virgem dos errantes sonhos/Filha do céu, eu vou amar contigo!/Descansem o meu leito solitário/Na floresta dos homens esquecida/À sombra de uma cruz, e escrevam nela:/ Foi poeta - sonhou - e amou na vida (...).

E a gente achando que o cúmulo da sofrência era o Pablo... Enfim, outra característica BEM DRAMÁTICA desse movimento era o famoso Mal do Século”, que se tratava basicamente de um pessimismo extremo, uma ausência da alegria de viver, uma melancolia profunda, normalmente causadas por uma desilusão amorosa. Ou seja, os caras estavam na bad, entende? Não ter a atenção desejada da amada, por exemplo, fazia com que se sentissem extremamente depressivos. Você acha que isso é pouco? Espere saber que esses (e alguns outros aspectos que resultavam "em males físicos, mentais ou imaginários) poderiam levar o indivíduo à morte precoce ou ao suicídio.


  
Contudo, o fato de “morrer de amor”, (literalmente, hehe), não era somente uma particularidade desse período literário. Hoje, nós podemos encontrar essa mesma ideia em músicas do nosso cotidiano. Acredito que um exemplo comum e muito conhecido seja a música “Exagerado”, do Cazuza.


O mesmo exemplo de alguém que está disposto a fazer tudo pela mulher amada pode ser encontrado na música “Everest”, de Fernando e Sorocaba. Vejamos a letra:


Eu vou contar meu segredo
Falar pro mundo inteiro
Tatuar o seu nome
Roubar o seu beijo
Porque eu te amo sem medo

Quer saber
Faço tudo pra te merecer
Quer saber
O impossível é pouco pra você

Vou escalar o Everest com uma mão só
Atravessar um oceano em um barco de papel
Se for preciso eu posso até roubar um avião
Pra te levar pro céu

Eu corro a 120 com um carro na contramão
Eu me lanço ao vento do décimo quinto andar
Aprendo a voar
Para te provar
Que a fé move montanhas
E eu movo o mundo
Pra te amar


Deu pra perceber que, na letra da canção acima, a pessoa está disposta a fazer TUDO (inclusive o impossível) pela pessoa amada, né?

Bom, então vocês podem ver que, um sentimento aparentemente “antigo”, presente num movimento literário, não ficou esquecido. De jeito nenhum! Não ser correspondido não é coisa “do passado”, vamos assim dizer. Sofrer por amor acontecia no Romantismo e, de certo modo, continua acontecendo até hoje. E sabe por que o tema continua atual? Porque a literatura “serve” exatamente para isso. Ela retrata sentimentos que permeiam e fazem parte da vida humana. Da nossa vida. É por isso que conseguimos encontrar o mesmo tema em música do nosso cotidiano. Esses foram somente alguns dos exemplos, mas existem milhões de outras músicas, textos, filmes e novelas que retratam o drama comum: o amor.

FONTES

INFOESCOLA. Sentimentalismo (Mal do Século). Disponível em: http://www.infoescola.com/literatura/sentimentalismo-mal-do-seculo/.

LETRAS. Everest. Disponível em: https://www.letras.mus.br/luan-santana/1980904/.

SONETÁRIO BRASILEIRO. Lembrança de Morrer. Disponível em: http://www.elsonfroes.com.br/sonetario/azevedo.htm.


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