sábado, 20 de maio de 2017

Variação linguística

Observe a imagem a seguir: 


Quais gírias mostradas na imagem anterior você conhece? Já ouviu alguém mais velho (pai, mãe, tio (a), avô, avó) utilizar uma delas? As línguas vivem em constante reconstrução, variando de acordo com os anos. Com o passar do tempo algumas palavras/expressões deixam de ser utilizadas ou passam a ser empregadas em casos específicos. Por isso, pessoas com idades diferentes tendem a utilizar palavras distintas para se expressarem.

Veja na tirinha abaixo um exemplo das mudanças na língua nos anos de 1940, 1980 e 2010. 



NORMA PADRÃO E LÍNGUA COLOQUIAL

A norma padrão é um modelo, uma referência utilizada em situações formais e com origem em livros literários e canônicos. É também um conjunto de regras preconizada pela gramática normativa, ou seja, é a língua de prestígio utilizada pela elite. Exemplos: entrevistas de emprego, apresentação de trabalhos, cartas formais, etc.

A língua coloquial é a variação linguística utilizada em situações mais informais. É corriqueira no dia a dia. Exemplos: conversas com amigos, com a família, etc. Então é correto afirmar que somente a norma-padrão é a forma adequada da língua?

É comum, em nossa sociedade, considerarmos  errados os modos diferentes de falar e como certos apenas os usos que seguem a norma padrão. A forma padrão é, na verdade, apenas uma das modalidades da língua e não a única. O papel da escola é ensinar a norma padrão, mas também é necessário respeitar a forma como o estudante chega à escola, ou seja, a língua que ele aprende com a família e amigos. 

ADEQUAÇÃO AO CONTEXTO

Em situações mais formais (entrevista de emprego, palestras, seminários, etc) empregamos uma variedade linguística mais formal e próxima da norma-padrão. Em situações informais (conversa com amigos/família, redes sociais, etc), empregamos uma variedade linguística informal, próxima ao contexto em que estamos inseridos. 

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS REGIONAIS

O Brasil é um dos países mais extensos do mundo, com uma área de 8 514 876 km², tendo isso como base não temos como imaginar que a língua portuguesa falada no Acre seja a mesma falada no Rio Grande do Sul. 

No âmbito da variação linguística regional, podemos observar as diferenças de localidade e do falante de cada região. As principais diferenças são no uso de palavras distintas para falar sobre a mesma coisa e a entonação dada a cada sílaba.

Podemos citar como fatores para a variação a cultura de cada região e o processo de colonização sofrido pelos falantes, por exemplo, no sul, os principais colonizadores, foram os alemães, já na região nordeste, houve maior colonização Holandesa, sendo assim, podemos notar algumas heranças dessa colonização, por exemplo: Jefferson - son significa filho então nesse caso seria filho de Jeffer, e por isso até hoje podemos notar muitos nomes na região com final son.

No Rio de Janeiro, a principal colonização foi portuguesa, por isso para nós, parece que eles estão sempre sibilando: esssqueiro, esscola, essquina....

Para exemplificar melhor essas variações, iremos assistir a um vídeo.


Outro exemplo muito bom para mostrar essas variações é o filme Cine Holliúdy, que como o próprio trailer diz, seria o primeiro filme em “cearenses” com legenda em português.


Sendo assim, podemos dizer que o português do Brasil vai muito além do que se vê nos livros.

VARIEDADES SOCIAIS

Modificações da linguagem produzidas pelo ambiente em que se desenvolve o falante pode ocorrer pela diferença de: classe social; grau de educação; profissão; e idade. Exemplos:

"O réu vive de espórtula, tanto que é notória sua cacosmia". (linguajar jurídico).  

"Oi rapeize do surf brigadão pela moral que vcs tão me dando, pow ta muito bom quando ta batendo aquelas ondas na prainha. Tá show,valeu brigadão". (conversa de surfista).  

Agora vamos ouvir uma música que apresenta traços de variedades sociais.

 
Si o senhor não está lembrado
Dá licença de contá
Que aqui onde agora está

Era uma casa velha
Um palacete abandonado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca

Esse edifício alto
Mais, um dia
Nem quero me lembrar
Veio os homens cas ferramentas

O dono mandô derrubá
Peguemo tudo a nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciar a demolição

Que tristeza que eu sentia
Cada táuba que caía
Duia no coração
Mato Grosso quis gritá

Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar

Só se conformemos quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"
E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim

E prá esquecê nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida

Bem, por hoje é isso, gente. Esperamos que tenham aprendido um pouco mais sobre variação linguística.

Referência bibliográfica 

BAGNO, M. Não É Errado Falar Assim. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

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